29.5.22

epílogo


 Diz-me das tuas feridas abertas,

do ocaso, já lânguido,

na exausta pálpebra.


Diz, para que o meu silêncio

afunde nossas mãos em hera

e o verde de outrora


nos apodreça, erguendo

palma a palma, em muro,

o pó dos dias caídos.


20.1.22

 As horas da manhã se incendiaram 

em dentes roxos:

é sempre tarde.


(na imensidão do corpo

produzíamos adiamentos,

sussurros)


tu me conduzias pela ponte

rumo ao precipício -

eu em tempo de olhar pétalas.


e sem nenhum sobreaviso

sempre à vista de um gavião

pulávamos.