30.1.15

Pensei que era fácil desmembrar-se.
Imaginei fácil, ante o terror, o tiro de socorro. A cartada final.
Corri meu desespero léguas adiante. Ali, onde o futuro se despega do homem
como uma casa cujas portas fecham-se às nossas costas,
os aposentos morrem entre suspiros de "nunca mais",
sem tempo de corvos nos umbrais.

Quem era eu nesse quarto? Meus olhos - e só eles -
ressonavam.
Uma vaga cantiga de infância bruxuleava,
e toda a minha humanidade era esse farrapo.
O escuro convém - mas sem sono ou reticências...
(Glória a Deus houvesse bocejos!)

Um homem, ante o terror, mata - ou morre.
Tiro, corda ou veneno? Ah, por amor aos familiares
o que for menos vermelho...

2 comentários:

discurso solido disse...

Sempre surpreende na qualidade do texto e das ideias. Beijo.

Rafael R. disse...

Obrigado, Simone. Beijo.