16.5.24

Voltei para os ermos e para

a poesia:

pássaros cintilantes

a hera de fogo

a terra fumegante

por ora

me esquecem.


apenas um sussurro em que se adivinhe

a palavra.

apenas um sopro onde o vento

sequer é lembrado,

o repouso em que se entranha

o recém-nascido.


nada dele cresce

que não se emende em um balouçar

de folhas

(uma oração

cresce na noite

reivindicando

as causas perdidas).


A borboleta do momento atravessa o espaço

vaga, frágil

mas real.

26.4.24

Deixo passar a imagem

de uma certa dor: dentro,

confrontam-se em mim

as aquarelas possíveis.


Aprendo que o mundo é sempre

outra coisa. Desfaço

com as cores permanentes

o laço.


E durmo, carente de mudanças.

E sonho, no repouso,

o que ainda não sei ser, 

escutando no silêncio,

vislumbrando no etéreo

o movimento do mundo.